O que a nanotecnologia pode trazer de benefícios aos cosméticos que usamos?

Nanotecnologia

A nanotecnologia é a ciência que permite manipular, organizar e caracterizar materiais em escala nanométrica. Um nanômetro corresponde a 10 -9 do metro. (1 nm = 10-9 m). Neste tamanho tão pequeno, visível somente com o auxílio de microscópios eletrônicos, os materiais podem apresentar propriedades físico-químicas diferentes daquelas apresentadas em escalas maiores para o mesmo material, propriedades como condutividade elétrica, elasticidade, reatividade química, resistência, cores diferentes, entre outras características podem surgir apenas reduzindo o tamanho, sem mudar a substância.

Histórico

O primeiro produto cosmético no mercado contendo nanotecnologia, mais especificamente lipossomas, foi o CaptureTM, lançado pela Christian Dior em 1986. Desde então, vários outros produtos contendo nanomateriais vem sendo lançados no mercado cosmético, pelas mais diversas marcas como L’Oréal S.A., Shiseido, Christian Dior, Anna Pegova, Estee Lauder, Revlon, dentre inúmeras outras.

Benefícios

A nanotecnologia quando aplicada aos cosméticos fornece inúmeros benefícios como:

• Aumento da estabilidade de ativos lábeis, que podem ficar íntegros, protegidos no interior das nanoestruturas até o momento da aplicação;

• Controle da penetração do ativo pela pele;

• Liberação prolongada do ativo, que permite que não se atinja limites tóxicos, fornecendo uma concentração constante a cada camada da pele, garantindo uma maior eficácia e menor dose do produto;

• Possibilidade de maior permeação de ativos hidrofílicos, que dificilmente permeariam a pele no estado livre;

• Aumento da interação ativo/pele, com aumento da biodisponibilidade;

• Aumento do efeito oclusivo devido à alta área superficial dos nano materiais;

• Maior hidratação, manutenção da cor dos cabelos tingidos, além de melhorar a ação de ativos anticaspa e antiqueda quando comparados a administração dos mesmos ativos na forma livre.

Exemplos de nanopartículas aplicadas aos produtos cosméticos

Vários são os tipos de nanopartículas possíveis de serem utilizados nos cosméticos, dentre eles podemos citar alguns:

1. Nanopartículas inorgânicas: sintetizadas a partir de elementos inorgânicos, estão presentes principalmente nos protetores solares como nanopartículas de TiO2 ou ZnO. Esses filtros, conhecidos como filtros solares físicos, são capazes de proteger a pele refletindo, espalhando a radiação UV. O tamanho nanométrico dessas substâncias fornece proteção adicional devido à área superficial aumentada, além da desejada transparência dos protetores solares, diminuindo o “efeito fantasma” provocado por esses pigmentos quando utilizados em tamanhos maiores.

2. Nanoemulsões: dispersões coloidais O/A ou A/O que possuem tamanho de até 200 nm. Tendem a ser mais transparente e estáveis quando comparadas às emulsões convencionais. Devido ao tamanho diminuto das gotículas, podem fornecer propriedades ópticas e reológicas melhoradas, além de melhorar o perfil de permeação ativos através das camadas da pele e, consequentemente, melhorar sua eficácia.

3. Nanopartículas Lipídicas Sólidas (SLN) e Carreadores Lipídicos Nanoestruturados (NLC): As SLN se assemelham as nanoemulsões, entretanto, nas SLN os lipídios que as compõem são sólidos à temperatura ambiente e corporal. As NLC, considerados a segunda geração das SLN, se diferenciam pela presença de pelo menos um lipídio líquido à temperatura ambiente em sua composição, que tende a favorecer a eficiência de encapsulação e impedir a expulsão do fármaco da matriz lipídica durante a estocagem. Essas partículas são capazes de proteger os ativos contra à degradação, aumentar a hidratação da pele pela oclusão do estrato córneo, promover melhor permeação dos ativos através das camadas da pele, promover a liberação prolongada e possuir propriedades de fotoproteção.

4. Nanopartículas de ouro e prata: possuem propriedades antibacterianas e antifúngicas e são utilizadas em produtos cosméticos como desodorantes e anti-aging.

5. Lipossomas: Lipossomas são vesículas constituídas de uma ou mais bicamadas fosfolipídicas orientadas concentricamente em torno de um compartimento aquoso. Podem carregar ativos hidrofóbicos na bicamada lipídica ou ativos hidrofílicos no cerne aquoso. São partículas biodegradáveis, biocompatíveis e não imunogênicos.

6. Nanopartículas de sílica: podem ser utilizadas usada para aumentar a eficácia, textura e prazo de validade de vários produtos cosméticos, atuam como absorvedores, impedem a aglomeração e podem influenciar na liberação de ativos com o tempo.

Os nanomateriais estão presentes em inúmeros cosméticos comercializados no nosso dia a dia. Algumas marcas expões explicitamente em seus rótulos a presença desses materiais e outras preferem não enfatizar. No Brasil ainda não existe uma regulamentação específica para os nanomateriais.

Apesar dos inúmeros benefícios comprovados dos nanomateiais, sua segurança vem sendo questionada nos últimos anos, principalmente em relação a possibilidade de permeação através da pele atingir a circulação sistêmica e questões ambientais no que se refere principalmente a bioacumulação. Com isso a legislação mundial tem se tornado casa vez mais rígida quanto aos estudos de segurança em relação à aprovação dos nanocosméticos.

Apontando algumas diferenças básicas entre a legislação brasileira e europeia, no Brasil, nanomateriais são consideradas substâncias que estão em uma escala de 1 a 999 nm. Já na Europa, nanomateriais são considerados se enquadram em um intervalo de tamanho de 1 a 100 nm.

Em breve, nos próximos textos, falaremos mais sobre a questão de segurança em relação aos nanomateriais, mas podemos adiantar que já existem estudos científicos comprovando a segurança e eficácia de nanopartículas para a aplicação cosmética!

Além disso, existe uma tendência mundial de aliar a nanotecnologia à matérias-primas de origem natural e de fontes sustentáveis, o que pode gerar cosméticos ainda mais eficazes e seguros.

Uma das propostas da Cosnatech é o desenvolvimento de nanopartículas a partir de matérias-primas naturais, altamente eficazes, seguras, ­utilizando processos sustentáveis, sem a utilização de solventes orgânicos.

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